sábado, 23 de fevereiro de 2008

Flymaster

(FONTE: Diário de Notícias Online)

Flymaster quer voar alto

O novo recorde mundial de distância em parapente, estabelecido no final do ano passado por uma equipa liderada pelo brasileiro Marcelo Prieto, teve uma ajuda preciosa. O piloto gaúcho é um dos mais experimentados do mundo e cumpriu 461,8 quilómetros em voo livre guiado por um assistente pessoal de bordo desenvolvido por engenheiros portugueses a partir de uma ga- ragem de S. João da Madeira, cidade mais conhecida pela indústria do calçado.

Os criadores deste pequeno computador pessoal, que são praticantes da modalidade - fazendo inclusivamente parte da selecção nacional - sabem exactamente quais as informações necessárias para voar sem percalços.

O software e os sensores surgiram primeiro, durante o ano de 2006, ao abrigo de um projecto que contou com apoio do Programa Neotec da Agência de Inovação. "Depois decidimos integrar tudo isto no mesmo equipamento, com uma novidade absoluta que foi incluir um PDA", conta Nuno Gomes, engenheiro de 35 anos, docente no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) e um dos sócios da empresa.

Em 2007, a empresa Flymaster Avionics, que foi entretanto formada para lançar o produto no mercado, venceu o Prémio de Inovação e Criatividade atribuído pela Associação Portuguesa das Empresas do Sector Eléctrico e Electrónico (ANIMEE). O prémio, no valor de 4000 euros, foi instituído sob a égide Fundação para a Ciência e Tecnologia e, segundo os responsáveis empresariais, foi um bom empurrão para o primeiro instrumento de navegação totalmente português levantar voo.

Com o envolvimento de Cristiano Pereira (39 anos) e Francisco Nunes (34), a empresa disponibiliza duas versões do seu Personal Flight Assistant (PFA): o Flymaster F1 Module e o Flymaster NAV+. Além do software, também o hardware é nacional, graças ao envolvimento de outras empresas, como a Azmoldes (plásticos) e a HFA (circuitos electrónicos).

"A grande diferença" em relação à concorrência estrangeira que domina o mercado, deve-se à inclusão de um PDA para leitura das informações que corre o software, estando ligado através de bluetooth ao módulo de hardware, colocado à parte. O assistente inclui GPS, mede a altitude, velocidade e, entre outras funções, tem memória de voos. "Fornece mais informação aos pilotos e de uma forma mais interactiva", garante Nuno Gomes.

A Flymaster Avionics conseguiu cativar para o grupo inicial de três sócios, todos técnicos, um quarto elemento, entusiasta de parapente e com experiência de gestão num sector totalmente diferente. Ricardo Figueiredo, 45 anos, administrador da Fepsa, conhecida empresa de feltros de S. João da Madeira que faz chapéus para todo o mundo, associou-se aos promotores.

A caminhar para as 200 unidades vendidas em seis meses, ao preço unitário de 400 euros, o FPA da Flymaster cumpre "as perspectivas mais pessimistas" na abordagem ao mercado mas vai corrigir rapidamente a trajectória.

A empresa deparou-se com uma "dificuldade" que era inesperada para quem lida com tecnologias todos os dias. Muitos pilotos ainda "fogem de tudo que seja necessário configurar" e nem todos os ecrãs de PDA se revelam adequados para leituras sob a incidência da luz solar, uma constante na prática da modalidade.

Habituados a desafios técnicos e a imponderáveis de voo livre estudam agora alterações nos equipa- mentos, "tornando-os mais simples". Em Março vai sair uma nova versão, sem PDA, que pretende ir ao encontro das necessidades da maioria dos praticantes.

A Flymaster tem 'outros trunfos na manga', nomeadamente ao nível da tecnologia de sensores que espera patentear.

"Não existe nada do género", refere Nuno Gomes. As sondas serão úteis para a detecção de térmicas, essenciais ao voo, criando mapas e dados históricos. Para além do mais, abre outra frente de negócio, aplicando sensores em paramotores que permitam ao piloto aceder a informação técnica.

Vela e BTT são desportos para os quais a empresa de S. João da Madeira conta desenvolver novos equipamentos, também no domínio da informação georreferenciada, para apoio à competição e lazer. Ao mesmo tempo presta serviços de engenharia a terceiros, nomeadamente para o sector automóvel, e é parceira tecnolológica da Ndrive, uma 'estrela' no panorama nacional de soluções em navegação. "Ainda vão ouvir falar muito de nós, mais tarde ou mais cedo", diz, confiante, Nuno Gomes.

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